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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Sobre Abordagem teórica

Se você faz psi, provavelmente se identificará com minha narrativa, se não...vai boiar colega já estou avisando.

Essa postagem se relaciona com um dilema muito presente nos estudantes de psicologia. E aquela típica pergunta de: "já escolheu sua abordagem?" dá arrepios, até parece aquela pergunta cliché de fim de ensino médio: "e aí, que curso você vai fazer?

Eu confesso que me senti muito "vira-folha" nesse curso, pois a cada semestre surgia um affair com uma teoria. Primeiro com a Psicanálise foi uma relação de amor e ódio, depois veio um certo encanto pelo humanismo (principalmente a gestalt terapia do Perls *-*), daí tinha a análise do comportamento que ficava de escanteio, ao longo do curso eu ficava me perguntando a utilidade de uma vida toda dedicada à explicações de S-->R (um estímulo elicia uma resposta).

Até que... na metade do curso eu pude conhecer os pressupostos da AC com mais detalhes e fiz um estágio básico com o embasamento teórico dentro da AC e minha terapeuta era analista do comportamento. Bom, até a metade do 5º semestre eu entendia análise do comportamento mas não estava muito a fim de aderir, até porque sempre me considerei dualista e nunca monista.

Mas sei lá, eu li tanto durante o estágio básico que acabei achando tudo com muito sentido e comecei a me sentir profundamente irritada quando alguém criticava a análise do comportamento com aqueles argumentos clichés do século passado. Também não sou cega pra perceber que a visão de homem dá análise do comportamento (apesar de na minha opinião ela consegue contemplar o ser humano em 3 dimensões bem completas, ou seja, em sua filogênese, ontogênese e cultura) trás suas limitações porque ela atua sempre sob seus pressupostos base.

Outra coisa que tinha decidido era que não ficaria discutindo inutilmente (no sentido de sair convertendo pessoas à análise do comportamento) até porque religião eu já tenho... não preciso ficar de missionária de vertente teórica nenhuma do meio acadêmico.

Ainda assim, no meio desse processo posso afirmar que não estou segura 100% dessa escolha, e também não acho que ela deve ser tipo o guia eterno da vida profissional, porque a psicologia como ciência e profissão não se resume em psicanálise versus behaviorismo e outras tretas teóricas por aí. Até porque ainda não defini meu campo de atuação, mas acredito que posso me utilizar de técnicas de outras teorias mas mantendo um recorte externalista no modo de interpretar os fatos.

Enfim, acredito que dilemas acadêmicos sempre existirão. Sempre haverá um professor vendendo seu "peixe" ou seja, apresentado seus pressupostos teóricos como o arauto da verdade, o que confirma que na ciência obrigatoriamente a ética deve estar presente, mas neutralidade.... "acho que não colega, rs".