Nossa, quanto tempo tem que não escrevo nesse blog e revisitar o que foi publicado anteriormente me causa um certo estranhamento, tantas coisas aconteceram...mas, hoje estou aqui para partilhar de algo um pouco particular. Sobre meu processo psicoterapêutico, como sempre disse e defendo, Psi tem que fazer terapia :-D.
Mais um dia de terapia, depois de longas 2 semanas de incompatibilidade de agendas, sento nesse sofá, nesse momento de encontro e confronto. Não vejo motivos aparentes ou assuntos específicos para falar, mas vou soltando uma história aqui e outra lá, fazendo minha linha do tempo, em busca de sentido. Quando acabo de falar sou pega naquela mesma pergunta que me desconcerta até hoje: - E o que você sente? Poxa...se não consigo nem "racionalizar" sobre isso, não vou conseguir nem falar sobre o que sinto. Isso foi o que pensei, mesmo permanecendo em silêncio. Depois de conseguir, como de relance, lembrar de uma história difícil ocorrida na semana logo sinto que as coisas deram uma clareada.
- E o que você sente em relação a esse fato ocorrido? - Sinto dor. Isso dói.
- Então pega alguma coisa que possa representar essa dor.
Lá vou eu e pego a primeira almofada que me aparece na frente.
- O que você faz com sua dor?
Sem precisar pensar duas vezes, pego a almofada e escondo debaixo de uma manta que estava sobre o sofá, sento em cima. Sou questionada sobre o possível incômodo disso e digo que incomoda.
- Serio? Não parece, olha a sua postura.
E lá estou eu, coluna ereta, pernas cruzadas, lágrimas nos olhos. Logo penso, poxa vida, é isso que faço sempre? Escondo? Finjo que não tá acontecendo nada?
- Pega essa almofada maior ai, vamos ver o que acontece.
Mesmo vendo que seria ruim ficar em cima de uma almofada daquela, lembro que ela não é mais almofada, ela é minha dor.
Vou e escondo novamente. Sento em cima. Pernas cruzadas, postura ereta. Não sei se rio ou se choro vendo como ajo na vida, vendo a situação desse jeito tão escrachado. Sinto o incômodo, mas minha postura não muda.
Trocamos de papel, me ver nessa situação enxergando o outro fazendo o que faço deixa tudo mais claro. Como aprendi a ser assim? Pra quê ser assim?
Reflexões e cabeça borbulhando nesse pós confronto comigo mesma. Vida que segue, sei que terei tempo e espaço para entender e experimentar outras formas de sentir e agir.
E você, o que faz com sua dor?