Minha criatividade com títulos está cada vez pior! Mas enfim, vamos deixar um pouco de egocentrismo e publicar algo que não seja meu.
Pensei primeiramente em pegar textos que eu achasse legais, de algum desconhecido por aí, mas espera aí... eu conheço pessoas próximas a mim que escrevem tão bem, pq não pegar um texto delas?
Então vamos lá! Esse texto é do Pedro Tarquini, uma pessoa incrível que tive oportunidade de conhecer na facul! Pedro, quando eu crescer quero escrever que nem você ^^
"- Arí, o tema do seminário não é mais “Saúde Mental Feminina”, agora é “A Mulher e
suas Emoções”.
- A mulher e suas emoções? Agora sim... ficou fácil! Eu cheguei a pensar nisso: Como
falar na saúde mental de um ser tão essencialmente emotivo sem tocar nas emoções?
Levando em conta uma das concepções de saúde mental mais válidas pros dias
atuais, ainda que sob algumas análises soe conformista e obrigatório, que é "ser capaz
de fruir a vida apesar de todas as adversidades", a saúde sobretudo emocional da
mulher esbarra nisso o tempo todo, afinal, por mais que hoje se fale muito sobre uma
suposta "liberdade feminina" numa sociedade que cresceu à sombra do patriarcado e
ainda é permeada pelo machismo, esta liberdade é no entanto, uma liberdade de fazer
coisas que os homens fazem com uma configuração mais simbólica e sensível, mais
feminina, contudo, sabemos que as estruturas emocionais de homens e mulheres,
por mais que tenha bases comuns, são bem diferentes, logo, o que é libertador para
um, pode ser a prisão do outro. A verdadeira liberdade feminina poucas mulheres
descobriram. O que é ser mulher hoje? Qual é a nova cara da feminilidade? Que
mutações sofreram os papeis desempenhados por cada sexo?
Hoje se vive uma revolução sexual emparelhada a uma hipersexualização da
sociedade, onde em quase tudo se encontra apelos sexuais diretos ou indiretos,
explícitos ou subliminares, evidentes ou enrustidos, saturados de referencias fálicas
inconscientes mas com roupagem e linguagem feminina. Nesta cultura onde a mulher
conquista cada vez mais espaço; compra e vende, ensina e aprende, dá e recebe como
nunca antes na história, a mulher tem muito mais independência, autonomia, poder de
escolha, de compra, opinião e liberdade do que jamais teve, mas, sendo parte dessa
revolução sexual presente nesta ditadura enrustida em que vivemos, apenas uma
outra forma de machismo sob capa de liberdade feminina, não seriam as mulheres
potenciais vítimas dos próprios direitos e liberdades por elas conquistados?
Apesar de tantas transformações no papel da mulher na sociedade, e embora a
mulher atualmente se permita viver suas relações interpessoais e sua sexualidade das
mais variadas e inovadoras maneiras permitidas, ainda estamos em fase de transição,
de mutação; a mudança já é visível mas, na minha opinião, pouco concreta.
As mulheres da pós-modernidade já ocupam posições nunca imaginadas no
mercado econômico, sexual, na política, nas artes, nas ciências, na religião, na
educação e na sociedade como um todo, entretanto, por mais revolucionarias que
sejam as novas concepções de "mulher ideal", o machismo ainda tem muita força,
força o tempo todo evidenciada num conteúdo cultural (novelas, comédias românticas
e toda uma gama de informações) que reforça a diferença hierarquizante entre os
sexos e a antiga e limitada imagem feminina que consiste numa mulher sofredora,
passiva e escrava domestica da família. Uma mulher doutrinada até certa idade a ser
uma donzela a espera de seu cavaleiro e posteriormente uma eterna Virgem Maria
sem direito a reclames. Ainda é forte a influencia do modelo ateniense de sociedade,
agravado por uma religiosidade que embora mais flexível que na Idade Média, ainda
representa um conjunto de regras obsoletas e tão úteis à nós quanto as bicicletas aos
peixes, edificadas sobre o medo e as repressões como forma de domínio patriarcal,
controle social e manutenção da igreja.
Diante de tal complexidade e diversidade de modelos comportamentais tão
divergentes entre si, a mulher moderna se vê no ponto crítico de um dilema SOCIAL,
SEXUAL, EMOCIONAL/AFETIVO e EXISTENCIAL, se vê diante do crescente desafio
do "ser mulher" no século XXI: Ser competitiva sem deixar de ser companheira, ser
racional sem ser insensível, penetrar meios masculinos sem perder a feminilidade,
ser esposa, mãe e trabalhadora sem jamais esquecer de ser mulher; estar sempre
linda, bem humorada, sexualmente disponível e atenta a todos os detalhes em casa,
no trabalho, no espelho e na cama apesar de todas as exigências, apesar de todas as
adversidades deve fruir a vida, sorrir e ser sempre feliz, ufa!
Manter o equilíbrio pessoal em meio a tantas cobranças é um puta desafio e tem
levado cada vez mais mulheres a uma angustia existencial profunda, desencadeando
depressões, ansiedades, TOC's, síndrome do pânico entre outros transtornos mentais
(emocionais/afetivos), sendo elas as mais acometidas por estes. De um lado temos
mulheres que não suportaram a luta e caíram doentes e frustradas por não terem
conseguido cumprir com os protocolos sociais a elas direcionados desde a mais tenra
infância. De outro temos mulheres de sucesso, jovens, bonitas, independentes, "bem
resolvidas" e colocadas socialmente, que cumpriram com todas as expectativas menos
as próprias, que já nem sabem quais são, não sabem quem são e nem porquê vivem.
E temos ainda as inconformadas e questionadoras, uma minoria de mulheres que não
se adéquam a nenhum modelo "proposto" e querem de fato promover uma possível
igualdade sexual pela cooperatividade entre os gêneros e também caminhar rumo
à descoberta da verdadeira liberdade feminina, liberdade esta que não há de passar
longe da liberdade humana, pois mulheres são antes de tudo seres humanos com as
mesmas necessidades básicas de quaisquer outros, seres humanos que se angustiam,
sofrem, questionam a vida e buscam soluções, buscam equilíbrio, buscam "fruir a vida
apesar de todas as adversidades", buscam saúde mental.
Se a queda no abismo da existência é inevitável a qualquer pessoa, para mulher é
um destino quase tão certo quanto a morte, pois se já sofria antes a mulher que sob
rédeas curtas e regras rígidas tinha que se desdobrar em mil personas, sofre mais
ainda a mulher atual cujo o poder sexual nunca foi tão explorado e se divide ainda
mais que em mil arquétipos com as mais diversas finalidades que não sejam a própria
felicidade, liberdade e paz de espírito."
O cara é bom hein! ^^
ResponderExcluirné! Eu também acho ^^
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