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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Faça isso, faça aquilo...

Ode à Frustração
“Trabalhe muito mas tenha qualidade de vida.
Trabalhe muito mas leia jornais e revistas.
Trabalhe muito mas leia livros, veja TV e assista os bons filmes.
Trabalhe muito mas assista aos virais “geniais” que seus amigos compartilham.
Trabalhe muito mas se atualize sobre seus clientes, os concorrentes e o mercado.
Trabalhe muito mas estude inglês e mais uma terceira língua à sua escolha.
Trabalhe muito mas vá a academia. Trabalhe muito mas se espiritualize.
Trabalhe muito mas tenha um tempo pra você.
Trabalhe muito mas tenha tempo para os amigos.
Trabalhe muito mas seja um pai presente e um marido carinhoso.
Trabalhe muito mas tenha um hobbie e toque um instrumento musical.
Trabalhe muito mas cultive hábitos saudáveis.
Trabalhe muito mas participe da vida cultural da cidade.
Trabalhe muito mas faça network.
Trabalhe muito mas esteja por dentro as últimas tecnologias.
Trabalhe muito mas não viva só para o trabalho.Trabalhe muito mas socialize.
Trabalhe muito, socialize mas dê atenção ao seu cônjuge.
Trabalhe muito, socialize, dê atenção ao cônjuge mas durma ao menos 8 horas [...]"

Para mim, esse trecho sintetiza o que vivemos nesses tempos pós-modernos, começar o texto com ele é bem sugestivo para ilustrar como me sinto nesses tempos.

O que escreverei aqui, com certeza, já deve ter sido alvo da fala de muitos, inclusive de estudiosos e por aí vai (engraçado de ter a liberdade de escrever " o que quero" no blog me parece estranha pois fico sob controle de de repente ter que citar alguém ou buscar a fonte exata do que tenho pra dizer, são só sintomas da vida acadêmica..rs).

O fato é que parece que meu ambiente (eu mesma, os outros, e por aí vai) nunca se satisfaz com o que me esforço tanto para oferecer a ele e me vende um ideal de felicidade fajuta que acho que comprei muito fácil, mas que reluto em aceitar.

Por vezes sou bombardeada com história de jovens que fizeram e aconteceram em um curto espaço de tempo, nessa era a qual temos acesso a informação rápida e instantânea posso saber por exemplo, como uma jovem de 21 anos começou um blog, que evoluiu para um vlog, que hoje é patrocinada por empresas pois sua temática é moda e beleza e viaja o mundo todo e tem a mesma idade que eu.

Isso é só um exemplo de muitos outros que chegam ao nosso conhecimento, é a geração Y que vai em direção ao que ela gosta de fazer, ao que dá prazer e ao que a move, assim de repente você começa algo despretencioso que com o tempo adquire alto valor ao mercado e a mídia se apropria disso e nos fornece tais informações.

Resultado de tudo isso: Me sinto atrasada nesse processo, o que me faz perguntar: Pera... essa tal pessoa que ganha destaque além de estar aquém de minha realidade, é apenas uma amostra muito pequena para servir de um modelo a ser seguido.

Quando olho ao redor, presencio pessoas com esse mesmo sentimento, que são tão inseguros quanto eu e que podem estar tão perdidos quanto ao que fazer no futuro. O fato é que não me sinto autorizada a me dar esse tempo, porque não se pode ficar mais parado hoje em dia, inércia é quase um pecado, é patológico, há sempre algo que precisa ser feito e quando penso ter alcançado uma etapa importante ou que pelo menos me faça ter algum "descanso" sou inquirida a fazer mais, a completar uma lacuna...

O meu recado é que sempre haverá lacunas, é como alguns pais que graças à Deus ainda dizem aos seus filhos quando esses entram em conflito por querer uma coisa e outra e mais outra "Meu filho, não se pode querer tudo". A palavra de ordem atualmente é: Você pode ter tudo que quiser, basta querer. Como se houvesse uma relação mágica entre querer e receber algo, "pensar positivo" e outras baboseiras as quais somos expostos diariamente.

Não posso me dar um tempo em um mundo e um mercado que é frenético, porque não sei o que pode acontecer amanhã, então o hoje é tudo que tenho para fazer as coisas que preciso e ao fim do dia não fiz metade do que julgo que precisava ser feito.

Penso que são nesses momentos é que preciso aceitar minhas limitações e dar tempo ao tempo. Não tem como estar motivada sempre, há que se ter serenidade e temperança, uma pausa para analizar as circunstancias e ter a esperança em algum dia bom.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Carta ao calouro de Psicologia



Caro calouro,

O semestre começou faz tempo né? Desculpa se te devi uma carta, não sou tão veterana assim, mas já passei da metade do curso então acho que vale né? Tenho essa cara de eterna caloura mas não se engane...já entendo um pouco alguns esquemas.
          Provavelmente você já se apresentou em todas as aulas da primeira semana e deve estar aliviado que as provas do primeiro bimestre já se foram e você pode respirar tranquilo (ou não). Apesar da pressão das primeiras provas do ensino superior você sobreviveu.
         Aqui estão alguns conselhos de minha pouca experiência nessa vida de acadêmica em uma instituição privada (ressalto esse fato, porque se fosse numa pública a pegada seria outra).
         1. Se você realmente acredita que está fazendo psicologia pra ajudar os outros, lembre-se que o primeiro que precisa de ajuda é você (sério!), uma colega de sala disse uma coisa interessante sobre um artigo, que ser psicólogo é uma profissão de risco...o que leva um ser humano a estudar 5 anos para estar de frente com o sofrimento do outro? Não importa onde ele irá atuar, vai ter pepino e conflito, por isso não banque o autossuficiente, deixa de drama e vá logo fazer uma terapia.
        2. Se você disse que escolheu o curso porque "aconselha seus amigos" já deve ter percebido que estava enganado quanto a suas reais motivações, o susto começa quando você só escuta princípios relacionados à ciência, teorias diversas sobre a psicologia, filosofia e antropologia. Se você estava achando que ia aprender a intervir aqui e ali no começo do curso sinto muito! Nem eu cheguei lá ainda, imagine você! Relaxa e lê esses textos que é importante. Sim! Tem 50 páginas para amanhã e você acha humanamente impossível não só ler mas entender esse bando de palavra "paradigma" "fenomenologia", "psiquê", "observação sistemática" e tantas outras que te fazem recorrer ao dicionário ou até deixar passar batido sem sacar que essa é uma das palavras-chave do texto.
      3. É importante que no início você leia muito e fale de menos, deixa pra dizer "eu não concordo com isso" quando você tiver ao menos um embasamento teórico, porque senão além de passar vergonha vai ser lembrado de novo que seus achismos ficam da porta pra fora, que agora você está estudando ciência e deve ser imparcial. A propósito, isso é importante só no começo.... depois você vai sacar que seus professores não são neutros (podem ser éticos, mas neutralidade em ciências humanas é algo controverso) vai ser uma guerra e pode ser que a cada semestre você goste de teorias opostas, ou não.
          3.1. Sobre abordagens: acredite...a psicologia é muito mais que Psicanálise x Behaviorismo, é perca de tempo ficar nesse dilema, se você gosta de uma ou outra é opção sua e se não gosta de nenhuma não se sinta pressionado, psicologia é muito mais que isso, lembre que há a terceira força por aí (humanismo) e outras muitas teorias, com pesquisas quanti e quali, formas de atuação que necessitam de um aporte multidisciplinar,enfim... a vida lá fora é mais que esses dileminhas acadêmicos.
         3.2 Não fique chocado, abordagem não deveria ser religião, alguns professores vão dizer que isso é crucial, vai definir os rumos da sua vida profissional (coisa que é relativa), então meu conselho é: Pelo menos mergulhe um pouco e cada teoria, vale à pena, se não gostar pelo menos você aprendeu e agora pode colecionar argumentos contra kkkkkkkkkkk. Não quer dizer que você fará o "samba do crioulo doido" com as teorias, quer dizer que você precisa saber diferenciar, entender pelo menos o básico de cada uma e caso se interesse por uma área ou corpo teórico em particular, vai fundo.

Acho que dá pra sobreviver né? Claro que escrevi isso com base nas minhas vivências, se fosse outra pessoa esses "conselhos" com certeza sairiam de outro jeito. Em síntese, aproveite o máximo do curso, veja palestras, vá a congressos e por último mas não menos importante... FAÇA TERAPIA!