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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Carta ao calouro de Psicologia



Caro calouro,

O semestre começou faz tempo né? Desculpa se te devi uma carta, não sou tão veterana assim, mas já passei da metade do curso então acho que vale né? Tenho essa cara de eterna caloura mas não se engane...já entendo um pouco alguns esquemas.
          Provavelmente você já se apresentou em todas as aulas da primeira semana e deve estar aliviado que as provas do primeiro bimestre já se foram e você pode respirar tranquilo (ou não). Apesar da pressão das primeiras provas do ensino superior você sobreviveu.
         Aqui estão alguns conselhos de minha pouca experiência nessa vida de acadêmica em uma instituição privada (ressalto esse fato, porque se fosse numa pública a pegada seria outra).
         1. Se você realmente acredita que está fazendo psicologia pra ajudar os outros, lembre-se que o primeiro que precisa de ajuda é você (sério!), uma colega de sala disse uma coisa interessante sobre um artigo, que ser psicólogo é uma profissão de risco...o que leva um ser humano a estudar 5 anos para estar de frente com o sofrimento do outro? Não importa onde ele irá atuar, vai ter pepino e conflito, por isso não banque o autossuficiente, deixa de drama e vá logo fazer uma terapia.
        2. Se você disse que escolheu o curso porque "aconselha seus amigos" já deve ter percebido que estava enganado quanto a suas reais motivações, o susto começa quando você só escuta princípios relacionados à ciência, teorias diversas sobre a psicologia, filosofia e antropologia. Se você estava achando que ia aprender a intervir aqui e ali no começo do curso sinto muito! Nem eu cheguei lá ainda, imagine você! Relaxa e lê esses textos que é importante. Sim! Tem 50 páginas para amanhã e você acha humanamente impossível não só ler mas entender esse bando de palavra "paradigma" "fenomenologia", "psiquê", "observação sistemática" e tantas outras que te fazem recorrer ao dicionário ou até deixar passar batido sem sacar que essa é uma das palavras-chave do texto.
      3. É importante que no início você leia muito e fale de menos, deixa pra dizer "eu não concordo com isso" quando você tiver ao menos um embasamento teórico, porque senão além de passar vergonha vai ser lembrado de novo que seus achismos ficam da porta pra fora, que agora você está estudando ciência e deve ser imparcial. A propósito, isso é importante só no começo.... depois você vai sacar que seus professores não são neutros (podem ser éticos, mas neutralidade em ciências humanas é algo controverso) vai ser uma guerra e pode ser que a cada semestre você goste de teorias opostas, ou não.
          3.1. Sobre abordagens: acredite...a psicologia é muito mais que Psicanálise x Behaviorismo, é perca de tempo ficar nesse dilema, se você gosta de uma ou outra é opção sua e se não gosta de nenhuma não se sinta pressionado, psicologia é muito mais que isso, lembre que há a terceira força por aí (humanismo) e outras muitas teorias, com pesquisas quanti e quali, formas de atuação que necessitam de um aporte multidisciplinar,enfim... a vida lá fora é mais que esses dileminhas acadêmicos.
         3.2 Não fique chocado, abordagem não deveria ser religião, alguns professores vão dizer que isso é crucial, vai definir os rumos da sua vida profissional (coisa que é relativa), então meu conselho é: Pelo menos mergulhe um pouco e cada teoria, vale à pena, se não gostar pelo menos você aprendeu e agora pode colecionar argumentos contra kkkkkkkkkkk. Não quer dizer que você fará o "samba do crioulo doido" com as teorias, quer dizer que você precisa saber diferenciar, entender pelo menos o básico de cada uma e caso se interesse por uma área ou corpo teórico em particular, vai fundo.

Acho que dá pra sobreviver né? Claro que escrevi isso com base nas minhas vivências, se fosse outra pessoa esses "conselhos" com certeza sairiam de outro jeito. Em síntese, aproveite o máximo do curso, veja palestras, vá a congressos e por último mas não menos importante... FAÇA TERAPIA!




 
     

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